segunda-feira, 30 de maio de 2011

Hepatites virais em números

Importantes problemas de saúde pública, as hepatites virais apresentam distribuição universal e magnitude que varia de região para região. No Brasil, a maioria dos casos se deve aos vírus A e B. Na região Norte, a infecção conjunta com as hepatites dos tipos B e D também é bastante comum. A hepatite D (ou delta) concentra-se na Amazônia Ocidental, apresentando também uma das maiores incidências em todo o mundo. A infecção pelo vírus da hepatite E ocorre em casos isolados, sem registro de epidemia.
O Ministério da Saúde (MS) vem conduzindo, junto a pesquisadores de universidades federais, estaduais e de secretarias estaduais e municipais de saúde, um inquérito nacional de base populacional nas capitais brasileiras, que irá fornecer a real dimensão da prevalência dessa infecção no conjunto das capitais, por macrorregião. Resultados preliminares de um levantamento do Ministério da Saúde, em convênio com a Universidade de Pernambuco e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), na região Nordeste, Centro-Oeste e Distrito Federal mostram:
taxa de infecção moderada de hepatite A ,com prevalência entre 32 e 38% em menores de 10 anos;
taxa de infecção moderada de hepatite C, com prevalência entre 0,9 e 1,9%;
baixa taxa de infecção de hepatite B, com prevalência entre 0,11 e 0,74%.

Boletim epidemiológico
Em 28 de julho de 2010, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais apresentou, pela primeira vez, um documento com os principais números das hepatites virais no país.
Hepatite A – A hepatite A atingiu cerca de 124.687 indivíduos, entre 1999 e 2009, sendo a maioria homens. Mais de 50% dos casos confirmados estão na região Norte e Nordeste. Com o perfil diferente, ela é mais frequente entre crianças abaixo de 5 anos e sua transmissão está ligada à água, alimentos e mãos contaminadas. Na maioria dos casos de hepatite A, o indivíduo recupera-se totalmente, eliminando o vírus do organismo. A insuficiência hepática aguda grave ocorre em menos de 1% dos casos.
Hepatite B - Dados do Ministério da Saúde revelam que de 1999 a 2009 o total de casos confirmados de hepatite B é 96.044. Mais de 50% dos casos se concentram entre indivíduos de 20 e 39 anos e cerca de 90% são agudos.
Hepatite C - O total de casos confirmados de 1999 a 2009 é de 60.908. Muitas vezes o paciente descobre quando vai doar sangue. Em geral, são pessoas que fizeram transfusão até a década de 1980 ou indivíduos que compartilharam seringas. Em geral, a maioria dos casos da hepatite C são descobertos acima dos 30 anos. Os dados alertam para a importância do diagnóstico precoce, pois, quanto mais tarde, maiores são as consequências. Cerca de 70% das hepatites C cronificam.
Perfil regional - As maiores taxas de detecção da hepatite B, no período de 1999 a 2009, são observadas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. E, no caso da hepatite C, as maiores taxas de detecção estão na região Sudeste e Sul.
Exames de diagnóstico - A quantidade de exames oferecidos quase triplicou nos últimos cinco anos. Em 2009, foram feitos 9,22 milhões de unidades para diagnósticos de todas as hepatites. Em 2004, foram 3,59 milhões de testes. O Brasil oferece diversos tipos de exames para o indivíduo que suspeita ter a doença. Para isso, basta ir a uma Unidade de Saúde ou um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).

Hepatite C:

A transmissão vertical (mãe para filho) ocorre em 0 a 35,5% dos partos de mães infectadas, dependendo principalmente da quantidade de vírus circulante no momento do parto e coinfecção com HIV. A taxa de transmissão vertical em geral está entre 4,3 a 5,0%. Há aparente risco maior no parto normal que na cesariana e o aleitamento materno parece ser seguro, mas os estudos em ambos os casos são conflitantes. Não há até o momento nenhuma técnica para reduzir o risco de transmissão para o bebê durante o parto. Após o parto, deve ser realizada sorologia (anti-VHC) do bebê apenas após os 18 meses, pois antes disso os anticorpos detectados no sangue do bebê podem ser os provenientes do sangue da mãe, passados para o feto através da placenta. Há também a possibilidade de coleta de sangue para pesquisa do RNA VHC (pelo PCR) na primeira e na segunda consulta de puericultura (com o pediatra, entre um a dois meses de vida).

Hepatite B:
Recomenda-se no pré-natal a triagem para vírus B da hepatite (HBV). As gestantes com diagnóstico de hepatite B , apresentam risco de transmissão desta infecção para o feto. As taxas de transmissão vertical variam entre 70 a 100% nas pacientes consideradas de maior risco (quando há diagnóstico de replicação viral) e < 10% nas demais pacientes (de baixo risco). Os recém nascidos de gestantes com hepatite B aguda ou crônica devem receber esquema de vacinação contra o HBV e imunoglobulina nas primeiras 12 horas após o nascimento, havendo com essa estratégia uma redução de mais de 90% da transmissão vertical, com índice de cronicidade inferior a 5%. Não há dados na literatura que recomendem, baseados em evidência científica, o tratamento na gestação.

Calendário de vacinação para crianças até seis anos de idade

Ao nascer - BCG + HEPATITE B
2 meses - POLIOMIELITE (ORAL) + HEPATITE B + DTP-Hib + ROTAVÍRUS
3 meses - PNEUMOCÓCICA 10 valente + MENINGOCÓCICA C
4 meses - POLIOMIELITE (ORAL) + DTP-Hib + ROTAVIRUS
5 meses - PNEUMOCÓCICA 10 valente + MENINGOCÓCICA C
6 meses - POLIOMIELITE (ORAL) + DTP-Hib + HEPATITE B
7 meses - PNEUMOCÓCICA 10 valente
9 meses - FEBRE AMARELA*
12 meses - SARAMPO-CAXUMBA-RUBÉOLA + MENINGOCÓCICA C
15 meses - POLIOMIELITE (ORAL) + DTP + PNEUMOCÓCICA 10 valente
4 a 6 anos - POLIOMIELITE (ORAL) + DTP + SARAMPO-CAXUMBA-RUBÉOLA

* Para pessoas que residem ou viajam para regiões onde houver indicação, de acordo com a situação epidemiológica. Reforço a cada dez anos.

BCG: vacina contra a tuberculose
POLIOMIELITE: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada)
HEPATITE B: vacina hepatite B (recombinante)
DTP- Hib: vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, e Haemophilus influenzae b (conjugada)
ROTAVIRUS: vacina rotavirus humano G1P1[8] (atenuada)
PNEUMOCÓCICA 10-valente: vacina pneumocócica 10-valente (conjugada)
MENINGOCÓCICA C: vacina meningocócica C (conjugada)
FEBRE AMARELA: vacina febre amarela (atenuada)
SARAMPO-CAXUMBA-RUBÉOLA: vacina sarampo, caxumba, rubéola
DTP: vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis
dT: vacina adsorvida difteria e tétano adulto

Cuidados pós-parto

Cuidados com a mãe

Consultas ginecológicas
Parte dos órgãos femininos são para internos e para conseguir examiná-los, a mulher precisa ir periodicamente ao ginecologista (médico que cuida da saúde da mulher), não importa se está doente ou não. Muitas mulheres sentem vergonha e medo de ir à consulta ginecológica, mas as consultas periódicas ajudam a cuidar da saúde e a prevenir doenças.
O exame ocorre numa cama especial, com apoio para as pernas ficarem abertas. Assim, o médico visualiza a região genital e pode fazer o exame da parte interna da vagina e colo do útero. Depois, com o exame de toque, introduzindo o dedo na vagina e apalpando o abdómen avaliará os ovários e a parte mais interna do útero.
Fazendo o exame ginecológico e o exame de Papanicolaou 1 vez por ano, a mulher previne o cancro de colo de útero. A consulta ginecológica também ajuda a prevenir, descobrir e tratar as doenças sexualmente transmissíveis.
Muitas podem ser portadora de uma doença sexualmente transmissível (DST) e não saber, ou porque os sintomas não são visíveis ou porque não são fáceis de se perceber. Quando a mulher descobre que está com uma DST, ela deve comunicar ao parceiro que também pode estar contaminado, mesmo que nenhum dos dois apresente sinais ou sintomas. Assim, devem iniciar o tratamento, garantindo a saúde de ambos.

Auto-exame
Além de ir ao ginecologista, também deve criar o hábito de olhar, observar e tocar os seus genitais para ver se encontra caroços, bolhas, dor no baixo ventre, corrimentos, verrugas, mau cheiro, feridas ou dor ao urinar. Também é importante examinar os seios para ver se encontra algum caroço, dor ou alteração. Isto ajuda a prevenir o cancro da mama.
Caso encontre algum problema, avise o seu parceiro e procure o serviço de saúde. Evitamos muitas complicações tratando os problemas logo no início.

Procedimento
Diante do espelho:
Eleve e baixe os braços. Observe se há alguma anormalidade na pele, alteração no formato, abaulamentos ou retracções.
Durante o banho:
Com a pele molhada ou ensaboada, eleve o braço direito e deslize os dedos da mão esquerda suavemente sobre a mama direita estendendo até a axila. Faça o mesmo na mama esquerda.
Deitada:
Coloque uma almofada debaixo do lado esquerdo do corpo e a mão esquerda sob a cabeça. Com os dedos da mão direita, apalpe a parte interna da mama. Inverta a posição para o lado direito e apalpe da mesma forma a mama direita;
Com o braço esquerdo posicionado ao lado do corpo, apalpe a parte externa da mama esquerda com os dedos da mão direita.
Caso encontre qualquer sinal que a preocupe, procure o médico. A maior parte das situações têm solução quando tratadas logo no inicio.

Cuidados com o bebê

Sono
Nos primeiros dias de vida, o seu bebê dorme muito tempo e a qualquer hora, desde que não tenha fome ou frio. À medida que vai crescendo, estará mais tempo acordado, vai regularizando as horas de sono, passando a distinguir o dia da noite.
Deite o seu bebê de lado, não vá ele bolsar e engasgar-se. O colchão da cama do bebé deve estar, ligeiramente inclinado (mais alto do lado da cabeça). Tape o bebê com um lençol e alguns cobertores leves. O bebê deve estar aconchegado mas não muito quente.
Se for possível ligue um intercomunicador no quarto do bebé por forma a ouvir qualquer som ou ruído que haja, nomeadamente quando acorda.
A partir dos seis meses é fundamental criar uma rotina para dormir ao seu bebê. No momento que antecede o deitar deve dar-lhe atenção e proporcionar um ambiente calmo. Convém associar este momento a uma determinada rotina que ele irá começar a identificar: dê-lhe banho, vista-lhe o pijama, brinque com ele, cante ou conte-lhe uma história. Deixe-o desenvolver os seus hábitos de conforto.
Se o bebê tiver medo do escuro poderá optar por deixar uma luz de presença no quarto.
Saia do quarto devagar para que o bebé não confunda a hora de dormir com a ideia de a perder.

Banho
A higiene é fundamental para o bem-estar do seu filha/o. O banho para além de ser uma medida de higiene indispensável, é também um momento muito importante, pois permite que a mãe e o bebé estreitem o seu relacionamento afectivo num ambiente calmo e divertido.
Nos primeiros dias e até cair o cordão umbilical deve-se fazer uma lavagem por partes evitando molhar o cordão. Depois da queda deste, pode passar a dar um banho total no seu bebé.
Aconselha-se a que o banho seja diário, sendo a hora ideal o final da tarde (antes da última refeição), pelo efeito calmante que geralmente exerce. A duração do banho deve ser de 3 a 5 minutos nos primeiros dias, alargando-se depois pouco a pouco, segundo a vontade do bebê, de 15 a20 minutos. Inicialmente, é normal que o bebé tenha uma atitude passiva ou mesmo de desagrado, relativamente, à água mas com o tempo irá começar a gostar.
O ambiente deve estar aquecido, sem correntes de ar e a temperatura da água não deverá ultrapassar os 37ºC (pode testar a temperatura da água com o seu cotovelo ou com um termómetro próprio). Na banheira deve colocar sempre água fria e só depois, de uma forma gradual, água quente.
Antes de despir o bebê, convém ter, preparado, junto de si, tudo o que necessita para lhe dar banho, bem como uma muda de roupa completa. Nunca deixe o bebé sozinho na banheira pois pode ser perigoso.
Dispa o bebê mas não lhe tire logo a fralda. Envolva-o numa toalha para que não apanhe frio. Depois de confirmar a temperatura do banho, deverá tirar a fralda e começar por lavar a cabeça, pois assim terá a certeza de que está será lavada coma água mesmo limpa.
A lavagem da cabeça do seu bebê deve ser feita diariamente durante o banho, pelo menos nos primeiros meses, pois nessa altura a grande transpiração do bebê pode levar à formação de crostas. Para evitar este problema natural, deve limpar-se, diariamente, o cabelo utilizando um sabão ou champô neutro. Depois de o cabelo estar seco deve penteá-lo com uma escova macia ou com um pente.
Ponha o bebê dentro de água e segure-o passando um dos seus braços para trás dos ombros, para que a cabeça dele fique levantada e apoiada no seu braço. Desta forma terá uma mão livre para o lavar.
Comece por molhar o seu bebê aos bocadinhos e muito lentamente, para ele não se assustar. Lavando uma zona do corpo de cada vez e ensaboando sempre de cima para baixo.
Por fim, retire o bebê do banho e embrulhe-o numa toalha grande e aquecida. Seque-o cuidadosamente antes de o vestir.

Olhos
A higiene dos olhos deve ser feita antes da lavagem da face e com uma gaze ou bolinha de algodão embebida em soro ou água. Deve ser utilizado uma gaze para cada olho de forma a evitar passar eventuais infecções. Deve limpar de fora para dentro e de cima para baixo.

Nariz
A sua limpeza deve ser feita sempre que se observem secreções, e se for preciso pode utilizar-se soro fisiológico, mas com indicação do pediatra ou do médico de família.

Ouvidos
A higiene dos ouvidos deve ser feita com precaução e superficialmente, utilizando uma gaze macia. Não introduza cotonetes.
É conveniente que o canal auditivo tenha um pouco de cera. A cera é a secreção natural da pele, que lubrifica o canal do orifício externo. É anti-séptica e impede as poeiras e as impurezas de penetrar o tímpano.

Mãos
A lavagem das mãos deve ser feita frequentemente, tentando criar este hábito
desde pequeno tanto mais que eles vão estar, permanentemente, a chupar os dedos ou os objectos que encontram.

Unhas
Devem estar sempre curtas, o que facilita que se mantenham limpas, evitando os arranhões na pele. Podem cortar-se com um pequeno corta-unhas de bebê ou uma tesoura de bicos redondos e com uma frequência de 7 a 10 dias, de acordo com o seu crescimento. Idealmente deve-se cortar após o banho pois as unhas estão amolecidas e o bebê mais calmo.

Umbigo
Até à sua cicatrizarão completa deve limpar-se com álcool a 70º após as mudas de fralda. Sempre que o umbigo apareça irritado ou avermelhado deve consultar o pediatra.

Órgãos genitais
No banho há que limpar bem todas as pregas da pele, os órgãos genitais e o ânus. No caso dos meninos lave o pénis de cima para baixo e a zona à volta dos testículos. Não deve puxar a pele (prepúcio) para trás pois pode magoá-lo. É suficiente limpar a pele à superfície.
No caso das meninas não limpe o interior da vagina (vulva), para não provocar infecções. Limpe sempre da frente para trás para não arrastar bactérias do ânus para a vagina. Nos primeiros dias pode ser que encontre sangue ou um fluido branco na vagina. Este facto pode acontecer porque ainda há hormonas maternas a circular no interior do seu corpo. É normal e desaparece ao fim de alguns dias.

Muda de fralda
A pele do seu bebê é muito delicada e sensível. É uma pele frágil e fina que, por ainda não ter todas as suas defesas, pode irritar-se facilmente.
O que são assaduras:
A necessidade do uso de fraldas condiciona uma das zonas mais sensíveis do corpo do bebê, ou seja o rabinho, cuja irritação mais frequente é a assadura da zona coberta pela fralda, também denominada de dermatite ou eritema da fralda.
Os sinais de assadura podem variar desde um simples vermelhidão, pele seca, aparecimento de borbulhas, até à descamação e formação de gretas.
As assaduras podem ser dolorosas e causar muitos desconfortos ao bebê. Quando surgem devem ser tratadas de imediato para evitar o risco de infecção.
Causas:
ambiente quente e húmido criado pela fralda
muda da fralda pouco frequente
contacto prolongado da pele com a urina e as fezes
diarreia
utilização de detergentes, na lavagem das fraldas de pano, que possam conter agentes agressores para a pele do bebê
aplicação de produtos de higiene que contenham perfume
Prevenção:
mudar com frequência a fralda e no caso de existirem fezes, a substituição deverá ser o mias rápido possível.
limpar muito bem o rabinho do bebê deixando secar convenientemente a sua pele.
em cada muda da fralda, aplicar uma camada espessa de pomada à base de óxido de zinco, de modo a criar uma barreira protectora, entre a pele do bebê e, a urina e as fezes.
à noite, antes de deitar o bebê, proteger melhor o rabinho aplicando uma maior quantidade de pomada, pois vão passar várias horas até à próxima muda da fralda.
utilizar de preferência fraldas descartáveis e super absorventes.
Tratamento:
lavar o rabinho do bebê com água morna sem sabão.
secar bem o rabinho do bebê, sem esfregar, não esquecendo as pregas e as dobras.
se possível, deixar o bebê sem fralda durante algum tempo.
em cada muda de fralda, deverá cobrir toda a zona afectada com uma camada espessa de pomada à base de óxido de zinco (exª Halibut, Lauroderme, Vitamina A pomada).
mudar a fralda o mais frequente possível.
não utilizar produtos de higiene com perfume ou álcool.

A dentição
O aparecimento do primeiro dente é um acontecimento tão importante para o seu bebê como para si. Não existe uma idade certa para o aparecimento do primeiro dente. Muitos bebés nascem já com um dente, outros chegam até ao ano sem nenhum. Estas variações são perfeitamente normais e devem-se a factores hereditários. Regra geral, os primeiros a romper são os incisivos do maxilar inferior.
Umas semanas antes do aparecimento dos dentes podem ser visíveis alguns sintomas: o bebê começa salivar muito e a babar-se e a meter as mãos na boca, quer morder objectos duros, irrita-se com facilidade, apresenta zonas vermelhas e inchadas onde os dentes estão a romper, dorme e come mal.
Para o aliviar pode pedir ao pediatra que lhe receite algum medicamento ou pode dar ao bebê argolas de dentição específicas para ele morder e massajar as gengivas.
Quando o seu bebê começar a ter dentes, deve limpa-lo com um pano ou uma compressa. Esfregue suavemente os dentes e as gengivas para eliminar a placa bacteriana e os ácidos que podem estragar os dentes.

Exposição ou abandono de recém-nascido

Exposição ou abandono de recém-nascido é posto no código penal brasileiro no capítulo da periclitação da vida e da saúde, no art.134 Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria. é punivel com detenção de 6 meses a 2 anos.E se do fato resulta lesão corporal de natureza gravea pena aumenta para detenção, de 1 a 3 anos.Se resulta a morte a pena é de detenção, de 2 a 6 anos.
- Bem Jurídico: A vida e a saúde do recém-nascido. A exegese mais conveniente tem abraçado uma fórmula mais flexível, entendendo como recém-nascido a criança nos primeiros dias após o parto, quando ainda se possa pela exposição ou pelo abandono evitar a divulgação de seu nascimento e a conseqüente desonra.
- Sujeitos: ATIVO, a mãe que concebe extra matrimônio ou o pai vítima de adultério. Essa é a posição de Nelson Hungria, Heleno Fragoso e Damásio. Rogério Greco afirma que somente a mãe adulterina poderá ser sujeito ativo Também o pai adultero. PASSIVO, o recém-nascido.
- Tipo Objetivo: A conduta típica consiste em expor ou abandonar recém-nascido para ocultar desonra própria. Os verbos nucleares indicam que o agente através de uma deixa ao desamparo o recém-nascido ou sob o poder de quem não possa dispensar assistência adequada, de modo a dar lugar a uma situação de perigo para a vida ou a saúde do recém-nascido. Esse perigo deverá ser concreto, efetivamente demonstrado, pois se tomar qualquer medida acautelatória não haverá perigo ou não haverá crime. Poderá ser praticado também por omissão nos termos do art. 13, §2º CP.
- Tipo Subjetivo: É o dolo direto de expor ou abandonar com um elemento subjetivo especial do tipo que é o de ocultar desonra própria. Não havendo esse elemento subjetivo especial, restará caracterizado o delito do art. 133 CP. Obs.: Devemos observar que na hipótese de concurso de pessoas, comunicam-se aos eventuais co-autores ou participes a circunstância ou o motivo de honra, pois conforme o art. 30 CP, em sendo circunstância elementar haverá essa comunicação. A honra referida neste tipo é de cunho sexual, devendo o sujeito ativo estar em um estado de tortura íntima ante a possibilidade da perda de sua reputação que até então desfruta. Daí a menor culpabilidade do agente.
- Consumação/Tentativa: A consumação se dá com o efetivo abandono ou exposição que resulte perigo concreto para a vida ou a saúde do recém-nascido. A tentativa é admissível, quando interrompido por circunstâncias alheias a vontade.
- Forma Preter Dolosa: Previstos nos §§ 1º e 2º se resultar lesão corporal de forma grave ou morte.
- Classificação: Própria, omissivo ou comissivo, unisubjetivo, plurisubsistente, concreto, instantâneo, doloso com elemento subjetivo especial, formal.
- Pena/Ação Penal: Na forma simples, detenção de 6 meses a 2 anos. Preter dolosa que resulte lesão grave de 1 a 3 anos se resultar morte de 2 a 6 anos. Ação penal pública incondicionada. Se o sujeito expõe a criança, mas a vigia de longe: não há o crime.

Manejo da dor em recém-nascidos

O efeito da dor na internação pediátrica, as consequências da dor não tratada e a importância de manejá-la. A dor está em pauta no Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), que estabeleceu parceria com a Universidade de São Paulo (USP) para tornar-se um centro multiplicador do manejo da dor e organizou o seminário Capacitação no manejo da dor na internação pediátrica. O evento contou com a presença de pesquisadores canadenses

Só porque o prematuo não sabe expressar a dor que sente não significa que ele não tenha o direito de receber tratamento para aliviar essa dor”. Com essa abordagem, o professor de anestesia e psicologia da Universidade Dalhousie e diretor médico do Serviço de Manejo de Dor Pediátrica do IWK Health Centre, em Halifax (no Canadá), Allen Finley, começou a primeira palestra do dia. O médico apresentou diversas pesquisas sobre o assunto. Numa delas, ele explicou que prematuros têm mais dificuldade em manifestar a dor pela expressão facial e, quanto mais intensa a dor, menor a capacidade de demonstrá-la. Entretanto, a pesquisa revelou que, fisiologicamente, o neonato apresenta memória da dor. E, no futuro, apenas um simples gesto como tocá-lo, pode remeter e até mesmo provocar a sensação da dor sentida no passado.

Outra pesquisa apresentada na palestra mostrou que um neonato internado pode sofrer até dez procedimentos dolorosos em apenas um dia como, por exemplo, uma perfuração na pele. Finley explicou como funciona no corpo humano o processo da dor, da pele ao córtex cerebral. De acordo com ele, uma pesquisa com ratos neonatos revelou que animais submetidos a processos dolorosos repetidamente, quando adultos, são mais vulneráveis a dor, apresentando menor resposta imunológica e são mais suscetíveis ao câncer. Ele apresentou as razões para prevenção da dor e orientou os presentes. “Pense na dor – ela é um problema, questione se você tem mesmo de realizar todos os exames propostos, use sacarose para aliviar a dor, lembrem-se que existem procedimentos de anestesia”, defendeu o pesquisador canadense, ao elogiar o IFF pelo uso de sacarose e pelo Mãe Canguru, que aumenta o vínculo mãe-filho e estimula o aleitamento materno.

Na mesa de abertura, representantes do IFF ressaltaram a importância da iniciativa. “Sou um causador da dor, pois o cirurgião é um dos que mais agridem o paciente. Essa é uma evolução. Certamente vou aprender muito e pretendo usar no dia a dia”, disse o chefe do Departamento de Cirurgia Pediátrica do IFF, Paulo Boechat. A necessidade de o manejo da dor avançar tanto quanto o uso da tecnologia foi destacada pelo vice-diretor de Assistência e pelo chefe do Departamento de Neonatologia, Eduardo Novaes e João Henrique Leme, respectivamente. Leme disse ainda que a preocupação com o manejo da dor faz parte de um trabalho maior no IFF, o da humanização. Para o professor do Departamento de Puericultura e pediatra da USP Francisco Martinez, o projeto, além de gerar conhecimento, vai ajudar os bebês, que segundo ele não reclamam muito, mas sentem dor.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Parto Humanizado

Uma importante questão a ser esclarecida é que o termo "Parto humanizado" não pode ser entendido como um "tipo de parto", onde alguns detalhes externos o definem como tal, como o uso da água ou a posição, a intensidade da luz, a presença do acompanhante ou qualquer outra variável. A Humanização do parto é um processo e não um produto que nos é entregue pronto.

Acredito que estamos a caminho de tornar cada vez mais humano este processo, isto é, tornar cada vez mais consciente a importância de um processo que para a humanidade sempre foi instintivo e natural e que por algumas décadas tentamos interfirir mecanicamente, ao hospitalizarmos o nascimento e querer enquadrar e mecanizar em um formato único as mulheres e o evento parto.

O termo “humanização” carrega em si interpretações diversas. A qualidade de “humano” em nossa cultura quase sempre se refere à idéia arraigada na moral cristã de ser bom, dócil, empático, amável e de ajudar o próximo. Nesse contexto, retirar a mulher de seu “sofrimento” e “acelerar” o parto através de medicações e de manobras técnicas ou cirúrgicas e é uma tarefa nobre da medicina obstétrica e assim vem sendo cumprida.

Mas há um porém neste tipo de intervenção. Um olhar mais atento na prática atual da assistência ao parto revela uma enorme contradição entre as intervenções técnicas ou cirúrgicas e as suas conseqüências no processo fisiológico do parto e na saúde física e emocional da mãe e do bebê. Um olhar ainda mais atento nos processos culturais, emocionais, psíquicos e espirituais envolvidos no parto revelam novos e norteadores horizontes, tal qual a importância, para mãe e filho, de vivenciar integralmente a experiência do parto natural.

A qualidade de humano que se quer aqui revelar envolve os processos inerentes ao ser humano, os processos pertinentes ao ciclo vital e a gama de sentimentos e transformações que a acompanham. O processo de nascimento, as passagens para a vida adolescente e adulta, a vivência da gravidez, do parto, da maternidade, da dor, da morte e da separação são experiências que inevitavelmente acompanham a existência humana e por isso devem ser consideradas e respeitadas no desenrolar de um evento natural e completo como é o parto. Muitas e muitas mulheres ao relatarem seus partos via cesariana mostram a frustração de não terem parido naturalmente, com as próprias forças, os seus filhos. Querem e precisam vivenciar o nascimento de seus filhos de forma ativa, participativa, inteira. Viver os processos naturais e humanos por inteiro muitas vezes envolve dor, incômodo, conflito, medo. Mas são estes mesmo os “portais” para a transição, para o crescimento, para o desenvolvimento e amadurecimento humano.

A humanização proposta pela ‘humanização do parto’ entende a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos (onde apenas 15 a 20% das gestantes apresentam adoecimento neste período necessitando cuidados especiais), cabendo a obstetrícia apenas acompanhar o processo e não interferir buscando ‘aperfeiçoá-lo’.

Humanizar é acreditar na fisiologia da gestação e do parto.
Humanizar é respeitar esta fisiologia, e apenas acompanhá-la.
Humanizar é perceber, refletir e respeitar os diversos aspectos culturais, individuais, psíquicos e emocionais da mulher e de sua família.
Humanizar é devolver o protagonismo do parto à mulher.
É garantir-lhe o direito de conhecimento e escolha.

Tipos de parto

É comum encontrarmos artigos, ou mesmo cursos de preparação para gestantes, focados na questão dos "tipos de parto", que geralmente acabam artificialmente classificados da seguinte forma:

Parto Normal
Parto Vaginal
Parto Natural
Parto Fórceps
Parto de Cócoras
Parto na Água
Parto Humanizado
Parto sem Dor
Parto Leboyer
Cesariana

Em primeiro lugar, devemos pensar o seguinte: é possível classificar partos antes deles acontecerem?

Em segundo lugar: mesmo que fosse possível, é coerente achar que partos, nascimentos, bebês, mulheres possam ser classificados por tipos? Vamos fazer um balanço da história recente da obstetrícia, para entender porque e como os partos foram classificados.

A separação dos partos por tipos aconteceu em decorrência do nosso sistema obstétrico. Desde que o atendimento passou a ser hospitalar, feito exclusivamente pelos médicos, em macas horizontais, com as mulheres em posição ginecológica, a classificação ficou óbvia: "Parto Normal" ou "Cesariana". Não havia alternativa. Se a mulher não conseguia dar à luz nessas condições padronizadas, ia para a cesárea.

As condições padronizadas sob as quais as mulheres deveriam tentar o "Parto Normal" eram: separação do companheiro ou qualquer acompanhante, salas de pré-parto coletivas sem qualquer privacidade, impossibilidade de livre movimentação, soro com hormônios para acelerar as contrações e portanto encurtar o trabalho de parto, período expulsivo com a mulher deitada de costas, pernas amarradas a suportes, comandos para fazer força, enfermeiras empurrando a barriga da mulher, entre outras situações que variavam de serviço para serviço. Convém lembrar que em muitos hospitais do Brasil essa ainda é a regra, infelizmente, indo contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

Eventualmente o parto ficava difícil e havia a aplicação do fórceps alto (um instrumento que consiste de um par de colheres metálicas), que buscava a cabeça do bebê no canal de parto para puxá-lo para fora. Essas experiências eram traumáticas para a mãe e com freqüência lesavam irreversivelmente o bebê. Era o "Parto Fórceps" ou ainda "Parto a Ferro". Hoje em dia caiu em desuso e os médicos agora usam o "fórceps de alívio", quando o bebê já está mais baixo no canal de parto. Usado com parcimônia seria um excelente recurso para acelerar o período expulsivo em casos de emergêcia ou sofrimento fetal, lembrando que estas são ocorrências extremamente raras em partos de baixo risco. O uso rotineiro é desconselhado, o que vale para qualquer intervenção médica em um processo natural e fisiológico.

A partir da década de 70 o mundo inteiro testemunhou inúmeros movimentos pelo resgate do parto como um evento social, afetivo e familiar. Aqui e ali surgiram obstetras preocupados com o excesso de medicalização e grupos de consumidoras que lutavam por melhores condições para darem à luz seus bebês.

Na França, Leboyer foi um dos expoentes desse movimento e advogou uma forma mais amena de se nascer: pouca luz, silêncio, sem violência, banho do bebê perto da mãe, amamentação precoce. No entanto seu foco era o bebê, não a mulher. Geralmente esta estava deitada de costas, pernas em estribos e o uso da episiotomia era rotina. De qualquer forma, por seu pioneirismo, pela qualidade de nascimento oferecida ao bebê - mais do que pela qualidade de experiência de parto oferecida à mãe - no mundo inteiro esses partos ficaram conhecidos por "Parto Leboyer".

Ainda na França, na cidade de Pithiviers, Michel Odent, entre várias inovações dignas de mérito, começou a usar banheira com água quente para o conforto das parturientes. De lá para cá, o "Parto na Água" tem sido utilizado no mundo inteiro, em banheiras especiais ou improvisadas. Nas maternidades européias as banheiras são oferecidas às parturientes tanto para o alívio das dores do trabalho de parto, como para o parto em si. Estudos científicos comprovam que o uso da água quente no trabalho de parto é um excelente coadjuvante no combate à tensão e à dor. No Brasil pouquíssimas clínicas e médicos oferecem esse conforto às pacientes, infelizmente.

Onde havia liberdade para movimentação das mulheres, o "Parto de Cócoras" ganhou terreno, por ser mais rápido, mais cômodo para a mulher e mais saudável para o bebê, pois não se produzia mais a compressão de importantes vasos sanguíneos, o que acontece com a mulher deitada de costas. No Brasil o Dr. Moysés Paciornik estudou comunidades indígenas e resgatou o parto verticalizado. Criou com seu filho Dr. Cláudio Paciornik uma cadeira para ser usada em hospitais, que permitia várias posições para a mãe, sem comprometer o conforto do médico. Embora não haja necessidade de cadeiras especiais para que a mulher assuma essa posição, muitos profissionais afirmam que não fazem partos de cócoras porque no hospital não existe "a cadeira para parto de cócoras" à disposição.

Desde os anos 80, com a popularização das questões ecológicas, e com os movimentos de resgate de uma vida mais saudável, natural e espiritualizada, muitas mulheres passaram a optar pelo "Parto Natural", sem intervenções, sem anestesia e domiciliar em muitos casos. No entanto o termo "Parto Natural" muitas vezes tem sido utilizado como sinônimo de "Parto Vaginal", o que nem sempre é verdadeiro. Um parto vaginal com episiotomia, rompimento artificial da bolsa d'água, aceleração com soro, anestesia, raspagem dos pêlos, entre outras intervenções, não pode ser classificado com o nome de "Parto Natural".

O termo "Parto Sem Dor" tem várias conotações. Os métodos psicoprofiláticos desenvolvidos especialmente nos Estados Unidos propunham uma espécie de treinamento às gestantes, baseado em técnicas respiratórias, de relaxamento, de concentração, entre outas. A idéia geral é que uma mulher bem preparada para o parto e bem acompanhada durante todo o processo terá muito menos dor do que uma mulher assustada e tensa. A idéia faz sentido, mas convém lembrar que a dor do parto continua existindo, agora sem o sofrimento causado por medo e tensão. Os métodos mais conhecidos são Bradley, Lamaze e Hipnobirth.

No Brasil "Parto Sem Dor" é comumente confundido com parto sob anestesia. Obviamente a anestesia bloqueia a dor, mas também diminui as sensações das pernas e do assoalho pélvico. Essas sensações são responsáveis pela força que a mulher faz na hora de "empurrar" o bebê para fora. Portanto, embora haja o bloqueio a dor, alguns efeitos indesejáveis como a perda do controle sobre o processo do parto, entre outros, podem ocorrer. Em muitos serviços médicos a anestesia é aplicada no final do trabalho de parto, já no período expulsivo, de modo que o período de dilatação não se passa sob efeito das drogas anestésicas. De qualquer modo, as formas naturais de se lidar com a dor deveriam ser largamente oferecidos e utilizados antes de serem aplicados os métodos farmacológicos de bloqueio da dor.

Atualmente um novo termo tem sido utilizado: "Parto Humanizado". Como não houve uma formal definição do termo, ele é usado em todo tipo de circunstância. Para o Ministério da Saúde, parto humanizado significa o direito que toda gestante tem de passar por pelo menos 6 consultas de pré-natal e ter sua vaga garantida em um hospital na hora do parto. Para um grupo de médicos, significa permitir que o bebê fique sobre a barriga da mãe por alguns minutos após o parto, antes de ser levado para o berçário. Em alguns hospitais públicos significa salas de partos individuais, a presença de um acompanhante, alojamento conjunto, incentivo à amamentação, entre outros benefícios.

No mundo inteiro, no entanto, o que está se discutindo é: "o atendimento centrado na mulher". Isso deveria ser o correto significado de parto humanizado. Se a mulher vai escolher dar à luz de cócoras ou na água, quanto tempo ela vai querer ficar com o bebê no colo após seu nascimento, quem vai estar em sua companhia, se ela vai querer se alimentar e beber líquidos, todas essas decisões deverão ser tomadas por ela, protagonista de seu próprio parto e dona de seu corpo. São as decisões informadas e baseadas em evidências científicas.

Enquanto nós mulheres não reivindicarmos nossos direitos, enquanto as decisões couberem aos profissionais prestadores de serviços médicos, aos hospitais que elas escolheram, à diretoria que cria as condições de atendimento, enfim, enquanto deixarmos que os outros cuidem do que é nosso, os "tipos de parto" fazem sentido. É a classificação dos partos que nos serão permitidos ou oferecidos de acordo com as necessidades, conveniências e crenças dos outros.

Pais positivos, filhos negativos.

Gravidez programada
O melhor caminho para um casal soropositivo ter filhos saudáveis é se programar. Quando a mulher é portadora do HIV, ela deve tomar corretamente os antiretrovirais durante a gravidez com o objetivo de permanecer com carga viral indetectável, tomar AZT injetável durante o parto, não amamentar e manter o filho sob tratamento com AZT infantil nas seis primeiras semanas de vida. Assim, segundo o Ministério da Saúde, é possível reduzir de 25% para apenas 2% o risco de o bebê nascer infectado.

Técnicas para pais soropositivos
O homem soropositivo também pode sonhar com a paternidade. Existem técnicas que permitem que ele seja pai sem o risco de contaminar a mulher e o bebê, desde que sua carga viral esteja indetectável. Uma das técnicas é a inseminação artificial com “lavagem de esperma”, procedimento feito em laboratório em que o HIV é retirado do líquido seminal e o espermatozóide, já livre do HIV, introduzido artificialmentea na mulher. Há também a fertilização in vitro, considerada a mais sofisticada técnica no momento. O óvulo é fertilizado em laboratório e recolocado no útero da mulher depois de se transformar em embrião.

Direito legítimo
É cada vez maior o número de homens e mulheres soropositivos que desejam ter filhos. O Ministério da Saúde reconhece que esse é um direito legítimo e pretende disponibilizar, através do SUS, tratamento de reprodução assistida para casais que vivem com o vírus da Aids. Até o momento, além de clínicas particulares, onde o custo é muito alto, apenas o Setor Integrado de Reprodução Humana da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo oferece o tratamento a valores mais acessíveis, porém o casal deve arcar com o custo dos medicamentos, que ficam entre 2 mil e 6 mil reais. O telefone para agendar uma consulta é (11) 3897 1345.

HIV e Aids

Qual a diferença entre HIV e Aids?
O HIV é o vírus que causa a Aids, uma doença que prejudica as defesas do organismo contra infecções e outras doenças. Diz-se que a pessoa é HIV-positivo ou soropositiva quando ela tem o vírus, mas ainda não teve o sistema imunológico comprometido, coisa que pode demorar alguns meses ou alguns anos.

O HIV vai destruindo aos poucos a capacidade do corpo de se defender de infecções e certos tipos de cânceres. Quando as defesas do organismo estão baixas e a pessoa já está pegando infecções perigosas, diz-se que ela tem Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida). Geralmente, os primeiros sinais da Aids são pneumonia e tumores nos gânglios linfáticos.

Os sintomas aparecem quando o número de linfócitos auxiliadores (LT-CD4) cai abaixo de determinados níveis.

O vírus pode causar a doença rápido, ou então permanecer por anos no corpo da pessoa sem se manifestar. O único jeito de confirmar sua presença é através de exames de sangue.

O HIV é transmitido pelo sangue, pelo sêmen, pela secreção vaginal e pelo leite materno. Um bebê pode ser infectado pela mãe durante a gravidez e na hora do parto.

Hoje em dia, os chamados coquetéis de medicamentos anti-retrovirais (com distribuição gratuita pelo governo) conseguem, em muitos casos, controlar a carga de vírus no sangue, aumentando consideravelmente a qualidade de vida e as chances de sobrevivência, e principalmente reduzindo o risco de transmissão vertical (da mãe para o bebê) do vírus HIV.

Como o HIV afeta a gravidez e a saúde do bebê?
Mulheres que são HIV-positivo têm um risco maior de complicações na gravidez, como parto prematuro, restrição do crescimento fetal e de perda do bebê. O risco de complicações é maior em mulheres que estão com o sistema imunológico comprometido.

Há também o risco de transmitir o HIV para o bebê durante a gravidez, o parto ou a amamentação. Sem tratamento, o risco de a criança ser infectada é de 25%. O momento mais perigoso para a transmissão é a hora do parto. O fato de a mãe soropositiva estar com a carga viral elevada é o principal fator de risco para a transmissão do vírus para o bebê.

Com tratamento durante a gravidez, porém, o risco cai para menos de 2%. Entre as medidas a serem tomadas estão: medicamentos, monitoramento da carga viral, fazer cesariana e não amamentar.

O primeiro passo é seguir o tratamento à risca. O exame para detectar o HIV costuma ser realizado de rotina logo no início do pré-natal, e muitas vezes as mulheres são pegas de surpresa. Com acompanhamento médico, é possível em grande parte evitar a chamada transmissão vertical do HIV, ou seja, de mãe para filho.

Para mulheres HIV-negativo que não têm parceiro constante ou que correm risco, por fazer sexo sem proteção, o médico pode pedir um novo exame para detectar o HIV no terceiro trimestre. Nunca é tarde demais para iniciar o tratamento.

Como é o tratamento durante a gravidez?
Em primeiro lugar, se você já toma medicamentos para o HIV e acabou de descobrir que está grávida, não pare de tomar os remédios. A pausa no tratamento pode fazer o vírus ficar mais resistente. Procure seu médico infectologista o mais rápido possível para orientações e continue tomando a medicação.

Ao longo da gravidez, vários exames são feitos para determinar a carga viral (o melhor é que seja baixa) e a contagem de células CD4 (que são as células de defesa, portanto o melhor é que a contagem seja alta). Os resultados ajudam a determinar o tratamento com anti-retrovirais. É importante manter a carga viral baixa para que a mulher continue saudável e para reduzir o risco de transmissão do HIV para o bebê.

Dependendo da saúde da mãe, o médico pode preferir iniciar os medicamentos no segundo trimestre da gravidez, quando a formação dos órgãos principais do bebê já terminou.

É importante avisar o médico logo se os vômitos da gravidez estiverem interferindo na tomada dos remédios.

O que acontece na hora do parto?
A zidovudina (mais conhecida como AZT) é administrada à mãe, de preferência por veia, três a quatro horas antes do parto, para reduzir a probabilidade de transmissão vertical do HIV. É possível até pedir ao médico com antecedência a dose de AZT para ser tomada por via oral, para que a mãe não perca a chance de receber o remédio em caso de parto inesperado, em um hospital que não tenha o medicamento.

Dependendo da carga viral presente no sangue da mãe, é provável que o médico opte por uma cesariana. A cesariana reduz o tempo de contato do bebê com as secreções maternas, o que diminui o risco de transmissão do vírus. O rompimento da bolsa e as contrações podem facilitar a troca de fluidos entre mãe e bebê, portanto os médicos preferem evitá-los sempre que possível.

O bebê que é filho de mãe soropositiva recebe o AZT logo depois do parto. A medicação é iniciada nas primeiras duas horas após o nascimento e é mantida por pelo menos seis semanas, período em que não se sabe se o bebê foi infectado ou não.

Quando vou saber se o bebê foi infectado?
Toda criança cuja mãe é HIV-positivo nasce com anticorpos contra o vírus no sangue, por isso o teste tradicional não funciona bem. O bebê precisa ser testado para detectar o próprio vírus. Esse exame pode dar falso negativo na primeira semana (40% dos casos), mas após a segunda semana o resultado é correto em 90% dos casos.

Mesmo assim, só alguns meses depois é que dá para saber com certeza se a criança não foi infectada. Esses meses são necessários para os anticorpos transmitidos pela mãe desaparecerem do sangue do bebê.

Em todo o caso, os médicos vão dar medicamentos anti-retrovirais para o bebê nas primeiras semanas de vida.

Sou soropositiva. Vou poder amamentar?
Não. O Ministério da Saúde recomenda a suspensão total do aleitamento e a inibição da produção do leite materno. Isso pode ser feito pressionando os seios, com uma faixa ou um sutiã bem apertado, e com o auxílio de medicamentos, que serão prescritos pelo médico.

A política na maioria das maternidades é de nem permitir o aleitamento materno quando a mãe é HIV-positivo. A amamentação cruzada (por outra mãe) e a pasteurização do leite em casa também são contra-indicados pelos médicos.

Crianças amamentadas por quatro ou mais meses apresentam menos problemas comportamentais

Um estudo realizado na Inglaterra vem acrescentar mais um item à lista de benefícios do leite materno para os bebês. Pesquisadores de Oxford concluíram que crianças que são amamentadas por quatro ou mais meses desenvolvem menos problemas comportamentais. A pesquisa, envolvendo dez mil mães e seus bebês, sugere que o benefício seria resultado da grande interação entre mãe e bebê que acontece neste período.

A amamentação já é associada a outros bons resultados para os bebês, como baixas taxas de infecção e obesidade na vida futura. Os cientistas analisaram os hábitos de alimentação de 10.037 mães e seus bebês envolvidos num grande estudo conhecido como Millennium Cohort Study. O resultado foi publicado revista "Archives of Disease in Childhood".

As mães foram orientadas a avaliar problemas em seus filhos com idade de cinco anos, incluindo ansiedade, agitação e hábitos de mentir ou roubar. Apenas 6% das crianças que foram amamentadas mostraram sinais de problemas de comportamento, contra 16% das que tiveram outros tipos de alimentação.

Mulheres que amamentam costumam ser mais velhas, ter um nível de formação educacional mais avançado, e classe socioeconômica maior também, o que pode contribuir para o surgimento de menos problemas comportamentais nas crianças. Mas mesmo os pesquisadores, das Universidades de Oxford, Essex, York e da College London, levando esses dados em conta, eles ainda descobriram que havia um risco 30% maior de problemas de comportamento entre crianças que não foram amamentadas por um período adequado.

- Nossos resultados proporcionam até mais evidências dos benefícios da amamentação - disse Maria Quigley, da Universidade de Oxford, que coordenou a pesquisa.

Ela explicou que o leite materno contém grandes quantidades de um tipo particular de ácido graxo, assim como componentes que estimulam o crescimento, e hormônios, que são importantes para o cérebro e o sistema nervoso.

Mas mães que amamentaram também tendem a interagir mais com os filhos, o que poderia significar que os bebês aprendem mais sobre comportamentos aceitáveis.

- Crianças que foram amamentadas também ficam doentes com menos frequência, o que pode afetar seus comportamentos. Nós simplesmente não sabemos se isso acontece por causa dos componentes do leite materno ou da interação muito próxima com a mãe, ou ainda se é uma consequência da redução de doença em bebês amamentados - disse Maria Quigley.- Mas começa a parecer que nós podemos adicionar menor ocorrência de problemas comportamentais à lista de benefícios da amamentação.

ioga

http://oglobo.globo.com/rio/bairros/posts/2011/05/08/aula-de-ioga-para-mamaes-bebes-378887.asp

Pesquisa mostra que bebês são capazes de entender o significado das palavras

Sabe aquele bate-papo que você tem com seu filho a partir do momento que descobre que está grávida? Eles ajudam seu bebê a desenvolver a linguagem ainda no seu útero. E agora, os cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que a partir de 1 ano, as crianças são capazes de entender o significado de muitas palavras.

”Isso acontece porque os bebês usam os mesmos mecanismos do cérebro que os adultos, ou seja, usam as mesmas áreas cerebrais para encontrar o sentido das palavras e começam a formar um ‘banco de dados de sentidos’, que é constantemente atualizado até a idade adulta”, explica Katherine Travis, uma das autoras do estudo.

“Antes dessa pesquisa, os especialistas acreditavam que as crianças usavam uma área do cérebro responsável pelo processamento apenas do som. Agora, foi possível perceber que os bebês utilizam a área responsável pela interpretação, que envolve som e sentido”, afirma o neurologista infantil Antônio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores usaram um processo que mede minúsculos campos magnéticos emitidos pelos neurônios no cérebro para estimar a atividade cerebral em crianças entre 12 e 18 meses.

No primeiro experimento, as crianças ouviram uma palavra e depois um som para determinar se eles eram capazes de distinguir entre os dois. Eles conseguiram. Na fase seguinte, os investigadores testaram se os bebês entendiam o significado dessas palavras. Os bebês viam fotos de objetos familiares e ouviam palavras em seguida, relacionadas ou não. Por exemplo: mostrava-se a imagem de um cão e o som da palavra bola. A atividade cerebral indicou que as crianças foram capazes de detectar a incompatibilidade entre a palavra e a imagem.

Os testes foram repetidos em adultos para confirmar se a área utilizada do cérebro e o mecanismo de processamento eram os mesmos.

Os cientistas afirmam ainda que esses resultados podem facilitar o diagnóstico precoce de deficiência de linguagem ou autismo.

Dicas para estimular o diálogo com o bebê
- Aproveite situações do cotidiano para ouvir o que seu filho está falando e conversar com ele apresentando o nome das coisas. Assim, as palavras ganham significado e são gravadas com mais facilidade;

- Pronuncie as palavras sempre de maneira correta. Se preciso, faça variações de voz, aumentando-a ou suavizando. Não tente dizer o nome das coisas pelo som, é melhor usar sempre as palavras reais;

- Aproveite o banho para nomear as partes do corpo e narrar as ações que a criança estiver fazendo: pegar o sabonete, a esponja, jogar água, esfregar a perna;

- Faça comentários sobre a forma e a textura dos brinquedos;

- Conte algo do dia com detalhes interessantes para a criança: o momento em que a vovó telefonou, uma coisa que você viu na rua;

- Leia e conte histórias. Ao ler livros para o bebê, seja mais expressivo, um verdadeiro narrador. Isso desperta a atenção dele;

- Nos passeios, aproveite para ensinar novas palavras a ele. Aponte os pássaros e as árvores, por exemplo;

- Ouçam e cantem juntos músicas e histórias.

Voz da mãe ativa o cérebro do bebê

Você provavelmente nunca pensou que o som da sua voz, além de acalmar o seu filho, é capaz de ativar partes do cérebro dele responsáveis pela aquisição da linguagem. Mas essa foi a constatação de pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas aplicaram eletrodos na cabeça de 16 bebês enquanto dormiam e pediram para a mãe fazer um curto som da vogal A. Na sequência, repetiram o exercício com uma enfermeira, que também é mãe. Quando a mãe da criança avaliada falou, o exame mostrou claramente reações no lado esquerdo do cérebro, em especial no processamento da linguagem. Por outro lado, quando a enfermeira falou, o que o lado que reagiu foi o direito, responsável pelo reconhecimento de sons e timbres da voz.

Para Antonio Carlos de Farias, neurologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe (PR), o estudo constata algo que já era conhecido na neurociência. “Esse impacto que a voz da mãe exerce no cérebro do bebê começa ainda quando ele está no útero. Por isso, ao nascer, já é capaz de distinguir a voz da mãe das demais”, diz. Segundo os cientistas da Universidade de Montreal, a pesquisa sugere que a mãe é a iniciadora primária da linguagem do filho.

E se você pensa que é preciso um estímulo especial para ajudar o bebê nas habilidades da fala, saiba que só o fato de você passar a mão na sua barriga, dar bom dia para o seu filho e depois com ele desde pequeno manter um diálogo gostoso já é suficiente para provocar reações que vão ajudar no desenvolvimento de regiões do seu cérebro. Da próxima vez que alguém se espantar quando ouvir você batendo um papo com o barrigão, já sabe o que responder!

Cólicas- Terapias alternativas?

Por mais que os médicos afirmem que é preciso calma - porque em três meses passa -, qual pai e mãe não fica angustiado (e esquece essa informação) na hora que o choro do filho começa? E os palpites, então, sobre o que fazer? Eles surgem de todo canto, até de uma amiga que insiste em dizer que um chazinho de camomila vai ajudar – e não fará mal. Será?

Um relatório publicado no jornal científico Pediatrics analisou 15 estudos com 944 bebês a respeito de alternativas para aliviar a cólica. Extratos de ervas, probióticos, massagens estavam entre os itens. No entanto, o resultado da análise mostrou que nenhum dos estudos tinha embasamento científico sólido. “Isso não quer dizer que essas coisas não funcionem, só ainda não sabemos”, afirmou Rachel Perry, pesquisador da Peninsula Medical School, na Inglaterra, à agência Reuters. O consenso dos cientistas que partiparam do relatório é que o melhor é ficar longe das terapias alternativas.

O intestino do bebê é imaturo nos três primeiros meses e até com o leite materno, alimento em que tem mais facilidade de digerir até os seis meses, a cólica pode aparecer, apesar de ser mais difícil. “Com essa dificuldade inicial, qualquer coisa a mais que for oferecido ao bebê, como chás, água, vai exigir esforço do intestino, o que pode piorar o desconforto. Isso sem contar que até os seis meses a amamentação deve ser alimento exclusivo”, diz o pediatra e homeopata Moises Chencinski. O especialista alerta, ainda, para o uso da funchicorea, um fitoterápico composto por algumas ervas, que pode agravar as cólicas pela contração que causa no intestino. Quanto aos probióticos, eles não são recomendados para crianças abaixo de seis meses.

O melhor a fazer, se surgirem cólicas no seu filho é você conversar com o pediatra. É ele, inclusive, que pode avaliar a necessidade de uma investigação maior, para afastar algum outro problema que possa estar procovando o desconforto no bebê. Mas lembre-se de que, em geral, é só uma fase de adaptação de seu organismo. Nunca dê nenhuma medicação por conta própria. Só o especialista é que pode indicar quando é realmente necessária. “Até a homeopatia, que não tem efeitos colaterais, só deve ser dada com prescrição médica”, afirma Moises. Perante tudo isso, continuam valendo as recomendações que você já sabe:

- Tente (OK, não é fácil mesmo!) manter a calma, para observar e entender o seu bebê. Com o tempo, você vai saber exatamente o que significa cada choro. Muitas vezes, o que ele quer é o conforto do seu colo;

- Rotina. Ela é fundamental para o bebê e para você.

- Amamente seu filho na posição correta, em um ambiente tranquilo e não se esqueça de colocá-lo para arrotar depois;

- Não há comprovação de que o que a mãe come interfere na cólica do bebê. No entanto, fique de olho. Se você comeu muito chocolate, café ou uma comida pesada e seu filho teve mais gases, é melhor evitar. “A experiência de observação é riquíssima”, diz Moises;

- Em um ambiente tranquilo, com luz amena, pegue seu filho no colo, de bruços (mas nunca o deixe dormir nesta posição – sempre de barriga para cima!), faça movimentos suaves em sua barriga da direita para a esquerda;

- Tenha paciência: depois dos três meses, tudo melhora!

Refluxo

Como o refluxo afeta os bebês?
Refluxo é o termo usado quando o alimento que está no estômago volta até o esôfago, às vezes até a boca. O nome completo do problema é refluxo gastroesofágico. Para entender o refluxo, é preciso entender o diafragma, o músculo que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal do corpo, e que é importante para a respiração. Há um orifício nesse músculo, por onde passa o esôfago, que então se liga ao estômago.

O esôfago fica dividido em duas porções: uma mais longa, no tórax, e outra bem mais curta, embaixo, na cavidade abdominal. É nesta última que se estabelece o mecanismo que funciona como uma válvula. Esse mecanismo é composto por vários elementos, e o mais importante deles é o esfíncter inferior do esôfago, composto por feixes de musculatura lisa, que permite o fechamento do esôfago, impedindo o refluxo (volta) do conteúdo do estômago.

Também atuam nesse "isolamento", entre outros, a roseta mucosa, feita de fibras elásticas que fecham a comunicação entre estômago e esôfago, e o ligamento frenoesofágico, que fixa o conjunto todo ao diafragma. Às vezes, porém, esse complexo mecanismo de válvula não funciona como deveria. É o que acontece durante a gravidez. Um dos motivos de as mulheres terem azia quando grávidas é que o bebê pressiona essa válvula, que permite a subida do ácido do estômago até o esôfago.

O problema também acontece em bebês, mas no caso deles o motivo é que boa parte dos mecanismos descritos acima ainda não funciona completamente, principalmente o esfíncter inferior, que não está completamente maduro. Ao longo do primeiro ano do bebê, o esfíncter vai ficando cada vez mais forte, e diminui a propensão da criança ao refluxo.

Cerca de 50 por cento de todos os bebês apresenta algum tipo de refluxo, mas apenas em uma pequena porcentagem ele se torna um problema sério. Aos 10 meses, somente cerca de 5 por cento dos bebês ainda sofre com o refluxo.

Quais são os sintomas?
O bebê pode regurgitar um pouco de leite depois de mamar ou ter soluço. Pode ser que às vezes ele tussa depois de regurgitar, como se o leite tivesse entrado pelo "buraco errado". Isso tudo é normal e esperado, por isso, se seu filho não tiver nenhum outro sintoma, não há com o que se preocupar.

Só mantenha uma fraldinha ou paninho de boca sempre à mão para emergências, e não se esqueça de colocar uma blusa extra para você na sacola do bebê, para o caso de um "acidente".

Tanto bebês que mamam no peito quanto bebês que tomam fórmula em pó podem regurgitar ou ter refluxo.

Preciso falar com o médico?
Você deve conversar com o pediatra sobre as regurgitações:
• se seu bebê parecer não estar ganhando peso

• se o bebê chorar muito sempre depois de mamar

• se ele estiver vomitando com muita frequência

• se ele começar a ter muita tosse

• se ele ficar irritado, curvando-se para trás, depois de mamar

Vale a pena tentar algumas medidas simples para ver se o problema melhora, como manter o bebê em posição ereta por 20 minutos depois de cada mamada e elevar um pouco a cabeceira do berço.

Outra estratégia é aumentar a frequência das mamadas para diminuir a quantidade de leite em cada uma delas -- às vezes os bebês mamam demais de uma vez só, o que acaba provocando vômitos.

Existe algum outro tratamento?
Nos casos mais graves, o pediatra pode receitar antiácidos, medicamentos anti-refluxo, produtos para engrossar um pouco o leite ou fórmulas anti-refluxo já prontas. Só use esse tipo de tratamento sob a orientação do médico. Talvez o pediatra prefira encaminhar o bebê para um gastroenterologista, que possa prescrever outros tipos de medicamentos.

Crianças só são tratadas quando o refluxo realmente atrapalha a vida delas. Existem bebês que simplesmente regurgitam mais que os outros, mas não têm nenhum outro desconforto e se desenvolvem normalmente. Nesse caso, o tratamento não é necessário.

Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode ser apenas clínico, ou seja, baseado no exame físico do bebê e na descrição dos sintomas. Existem outros exames para investigar o refluxo, como um raio-X do sistema digestivo (o bebê precisa tomar um contraste).

O refluxo é grave?
A maioria dos bebês se cura naturalmente do refluxo com até 1 ano, à medida que o músculo do esfíncter vai se fortalecendo. Mas isso não quer dizer que o problema não seja sério.

É importante acompanhar atentamente o ganho de peso de bebês com refluxo. Alguns bebês não engordam o suficiente porque não conseguem manter muito leite no estômago, e outros acabam perdendo o apetite por causa do desconforto causado pelo ácido.

Existe também o risco de desenvolver esofagite, uma inflamação da mucosa do esôfago, que pode ser persistente e provocar problemas mais sérios no futuro.

Se a regurgitação ou o vômito entrarem no sistema respiratório, o bebê pode adquirir problemas como pneumonia, tosse persistente à noite, sinusite (em crianças maiores) ou otite, por isso é bom ficar de olho em sinais dessas doenças. O ácido estomacal também pode prejudicar o esmalte dos dentes da criança.

Em casos raros, o conteúdo gástrico não chega a sair na forma de regurgitação, mas fica entrando nas vias respiratórias, causando problemas. Por esse motivo, no caso de infecções respiratórias recorrentes ou tosse, a possibilidade de refluxo deve ser levada em conta.

Mais que tudo, o refluxo pode dificultar muito a vida da família toda, pois os pais não conseguem aliviar o desconforto da criança, além de terem de lidar com o estresse de alimentá-la e mantê-la limpa. O consolo é lembrar que o refluxo vai embora sozinho, e um dia a choradeira, o cheiro de azedo e as constantes fraldinhas sujas serão só uma lembrança distante no seu passado.